MÉLIO TINGA escritor de ficção e designer de comunicação. É autor de seis livros, entre os quais Marizza, sua estreia no romance, obra vencedora do Prémio Literário Imprensa-Nacional Casa da Moeda/ Eugénio Lisboa 2020. Para além de Moçambique, seus livros estão também publicados em Portugal e no Brasil.  

Foi vencedor da Residência Literária em Lisboa 2023 e distinguido com o Prémio das Indústrias Culturais e Criativas (PREICC) 2023, pelo Ministério da Cultura e Turismo. Venceu o BLOG4DEV 2021 do Banco Mundial e foi finalista do Prémio Literário 10 de Novembro 2019. Recentemente foi selecionado para bolsa “AléVini”, um programa para apoiar a mobilidade profissional, liderado pela Comissão do Oceano Índico e financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).

É co-fundador e director executivo da Catalogus e de OitentaNoventa – Projecto de ligação entre gerações literárias e é Vice-Presidente da ACUP – Associação Cultural da Universidade Pedagógica. É licenciado em Educação Visual, pós-graduado em Branding.

Livros publicados

  • Descrição do itemUm homem acaba acidentalmente nas trincheiras de uma guerra, no norte do país. Um morto fá-lo regressar. O pai espera-o à porta. Os fantasmas da guerra perseguem-no, no seu íntimo. Passa, por isso, parte da sua vida num hospital especializado em traumas e depressão, onde se apaixona por uma mulher que procura curar a dor de tentar conceber, poeta talentosa que esconde um mistério debaixo da cama. Ele terá de descobrir, mas também de aprender a lidar com a cisão de um profundo amor.

    Névoa na Sala é um romance experimental que rema contra a maré e gravita entre os traumas da guerra, a força do amor e da depressão; interroga o que pode um morto quando regressa, revisita memórias e procura descobrir o que de poderoso pode habitar o coração do Homem.

  • Saí dali como se me escapasse do cérebro uma substância tóxica. Gases num combate contra os pulmões. Minha cabeça era um barco, cheio de carvão. Um barco a vogar no meio das ondas.

  • Um exercício de inquisição, de procura e invocação, de quem se agarra à gota para conhecer a permeabilidade do tempo. Mélio Tinga e David Bene percorrem dois caminhos que convergem e divergem simultaneamente – a prosa e a poesia – para transcender.

  • Desci a cidade a descer para dentro do corpo. Movia as mãos sem rigor. Arrastava os pés, dobrava o joelho com languidez. Os olhos toldados de um cinzento escuro miravam dispersos para o horizonte vazio. As duas barras batiam-se no bolso, como dois bebés rivais em guerras incessantes.

  • O corpo de uma menina está imerso numa poça de sangue. Morta depois de ver o irmão nu sobre a madrasta, na cama. O velho empregado de um funcionário da ONU mata um cão, que «falava irlandês», por razões aparentemente incompreensíveis.

  • Três assassinos invadem a casa de uma jornalista, íntima de um escritor medíocre, para matá-la. Uma família que vive em uma casa antiga, próxima a uma catedral, permanentemente assombrada. Dois amigos viajam para terminar um documentário que lhes valeria muito dinheiro, os gatos tiram a vida de seu proprietário e perseguem teimosamente o outro.

  • Estas entrevistas são o cordão umbilical da OitentaNoventa, um projecto que promove o acesso ao pensamento do nosso tempo através da literatura, dos livros e dos seus actores, a partir um diálogo intergeracional, franco e altruísta.

  • A Revista LITERATAS lançou o segundo volume da colectânea “Contos e Crónicas para ler em casa”, um livro que reúne 18 autores moçambicanos e igual número de textos, que vão desde a ficção e não ficção, reflectindo temas como o amor, a tragédia, o crime, a sexualidade, a violência doméstica, solidariedade entre outros aspectos existenciais.

Publicações em antologias

2022: Espíritos Quânticos – Uma Jornada por Histórias de África em Ficção Especulativa, Qawwi, Moçambique;

2022: Contágios, Visgarolho & Mapas de Confinamento, Portugal;

2020: contos e crónicas para ler em casa (antologia) – Volume I e II, Literatas, Moçambique (co-organizador);

2020: Olhos Deslumbrados – Histórias de Maputo, Fundação Fernando Leite Couto, Moçambique;

2020: Memórias de Idai, Fundza Editorial, Moçambique;

2020: Idai – marcas em verso e prosa, Gala-Gala Edições, Moçambique;

2017: O Hambúrguer que Matou Jorge – Antologia de Contos Criminais Moçambicanos, Ethale Publishing, Moçambique.

  • Marizza de Mélio Tinga reflecte sobre a paixão e beleza, e em simultâneo sobre a criação literária.

    Raphael Moses Jeremias e Ana Mafalda Leite

  • O maior conseguimento desta novela é o modo persuasivo como vai validando o seu processo, numa tessitura tensa, que prende o leitor, ora pelo ritmo da sua prosa, ora mercê de um halo poético, contido, mas magnético, que vai aflorando...

    António Cabrita - Escritor e Crítico Literário (acerca de “Sobre Toda Escuridão”)

  • Marizza ajuda-nos a reflectir sobre o lugar da literatura e da cultura nos tempos modernos

    Júri do Prémio Literário Eugénio Lisboa/INCM

  • (…) uma realidade feita ficção, noutro registo de linguagem, sem eufemismos, mas imagética, poética (…)

    Jornal Zambeze (sobre “O Voo dos Fantasmas”)

Palcos

2023: Molhar na Chuva com os Corvos (conto), com Mateus Nhamuche e Sufaida Moyane, apresentada no 16 Neto, Maputo;

2022: Molhar na Chuva com os Corvos (conto), com Mateus Nhamuche e Tégui, apresentada no Centro Cultural Moçambicano – Alemão, Maputo;

2020: A engenharia da morte, com o Grupo Teatral Fragmentados, apresentada na Fundação Fernando Leite Couto, Maputo;

2018: O Voo dos Fantasmas, com o Grupo Teatral Fragmentados, apresentada no 16Neto, Maputo.

dois sapatos, a roupa do corpo

Durante o mês de Maio, Mélio Tinga esteve em Lisboa para uma residência literária, cujo objectivo era dar corpo e vida ao projecto dois sapatos, a roupa do corpo, uma narrativa ficcionada que atravessa aspectos curiosos da vida de Sebastião Alba, visto como um poeta, personagem e cidadão controverso, com o objectivo de “ressuscitá-lo” e chamar atenção à sua poesia e forma de ver o mundo.

Fotografia ao lado: Capela de Santo Adrião, Braga, local onde na fase final de sua vida, Sebastião Alba dormia, ao relento | Autor: Mélio Tinga

Capela de Santo Adrião, Braga